Tuesday, December 05, 2006
Fzn=filme Zé Ninguém no fff=fórum dos fanáticos falidos
Só agora encontrei no fff um livro dedicado especialmente a mi. Li-o há mais de 20 anos e recordo que me tinha deixado uma enorme impressão: “Escuta, Zé Ninguém!” de Wilhelm Reich.
Enquanto o relia veio-me a ideia de criar um personagem para filme ou livro de fantasia com o nome Zé Ninguém. Agora recordo que talvez o nome do personagem “Zé Justo” tenha sido inspirado inconscientemente neste livro. Para já começo por algumas ideias para esse filme:
O Zé Ninguém não tinha medo de morrer. Mas tinha medo de morrer sem obter justiça, vítima de uma morte para que não fosse feita justiça. Recordou aquela prostituta das “Mil e uma noites” que contou histórias para salvar a vida. (Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Estas pensamentos podem ser expressos em cinema com o zn a ver um filme ou TV ou publicidade a filme de mortes e depois do filme “As mil e uma noites” de forma que com resumo em voz off e imagens espectaculares de dê a ideia do livro.) Depois do testamento devidamente registrado para que os direitos de autor servissem para uma obra benéfica em favor das vítimas de injustiças, passou a dedicar todo o seu tempo e todas as suas energias a escrever artigos, livros, filmes e programas de TV. Tudo girava à volta do seu problema que não era o problema de possíveis leitores de jornais, livros ou espectadores de TV e cinema. O Zé Ninguém escreve na esperança de que se não obtiver justiça em vida a sua obra servirá para a continuação de luta depois da morte. Os amigos tentam convencê-lo de que os artigos não interessam a ninguém, os livros nunca serão publicados e as fantasias de TV e cinema só passarão pela sua cabeça. Mas o Zé Ninguém continua com a sua megalomania: morrerá ou desaparecerá de forma misteriosa, aparecerá nas primeiras páginas e começarão a investigar começando pelo que escreveu contra personagens importantes: Mário Soares, Jorge Sampaio, ... Ordem dos Advogados, ... Magistratura, ... Mafias em diversos campos ... Os artigos esquecidos chegarão às primeiras páginas, os livros tornar-se-ão best-sellers, os filmes encherão as salas e a sua associação benéfica faz uma revolução na justiça.
Citações do livro, ideias e comentários:
“Observo estritamente o cumprimento das leis quando fazem sentido, e luto contra elas quando obsoletas ou absurdas. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Exemplos da estupidez da velha justiça e de factos reais que parecem anedotas: um milionário por entornar café e fazer causa a uma multinacional, um advogado americano que ganhou um processo contra o Papa Paulo VI porque num convento na Suíça não lhe deram um cão mas nunca viu os 500 dólares que segundo o tribunal o Papa lhe devia dar, um criminoso italiano só passou uns dois anos na prisão por matar o jornalista Walter Tobagi mas um polícia foi condenado a 14 anos por matar o ladrão que lhe queria roubar o carro, por telefonar de um ofício público um empregado foi condenado a um ano de prisão em Itália ).
“Não sou um Vermelho, nem um Branco, nem um Negro, nem um Amarelo. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: O zn, (zn=Zé Ninguém), é considerado fascista e anti-fascista, nazista e anti-nazista, comunista e anti-comunista, anarquista e anti-anarquista, ... mas sobretudo islâmico e anti-islâmica. Na verdade o zn considera-se um cidadão do mundo que procura o melhor mesmo do fascismo, nazismo, comunismo, capitalismo e anarquia.).
“Não sou nem cristão, nem judeu, nem maometano, mórmon, homossexual, polígamo, anarquista ou membro de seita secreta.
Faço amor com a minha mulher porque a amo e a desejo e não porque tenha um certificado de casamento ou para satisfazer as minhas necessidades sexuais. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: o zn trova meio de dar relevo a estas frases que seguem ).
“E o Zé Ninguém que se aloja dentro de mi acrescenta: «És agora um grande homem, conhecido na Alemanha, Áustria, Escandinávia, Inglaterra, América, Palestina. Os comunistas atacam-te. Os ‘defensores dos valores culturais’ odeiam-te. Os teus alunos estimam-te. Os doentes que curaste admiram-te. Os que sofrem da peste emocional perseguem-te. Escreveste 12 livros e 150 artigos sobre as misérias da existência, sobre o sofrimento do homem comum. As tuas ideias são ensinadas nas Universidades; outros grandes homens igualmente solitários confirmam o teu prestígio e põem-te entre os maiores intelectos da história da ciência. Fizeste uma das maiores descobertas científicas desde há muitos séculos, a da energia cósmica da vida e suas leis... Descansa agora. Goza os frutos do teu êxito, do teu prestígio. Em poucos anos o teu nome será conhecida por todos. O que fizeste já basta. Recolhe-te agora ao repouso, ao estudo da lei funcional da natureza». “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: o zn sonhava que se dissesse dele ...)
“Conheces Hitler melhor que a Nietzsche, Napoleão melhor que a Peslalozzi. Qualquer monarca significa mais para ti do que Sigmund Freud. E o Zé Ninguém que vive em mi gostaria de ter-te nas mãos pelo processo costumeiro, recorrendo ao rataplã dos chefes. Eu temo-te, porém, quando o meu Zé Ninguém deseja «conduzir-te à liberdade». É que poderias descobrir a mesma identidade medíocre em ti e em mi, e, assustado, matares-te na minha pessoa. Foi por isso que deixei de ser escravo da tua liberdade e desejar morrer por ela.
...
És «livre» apenas num sentido: livre da educação que te permitiria conduzires a tua vida como te aprouvesse, acima da autocrítica. Tu mesmo te desprezas, Zé Ninguém, Dizes: «Quem sou eu para ter opinião própria, para decidir da minha própria vida e ter o mundo por meu?» E tens razão: Quem és tu para reclamar direitos sobre a tua vida? Deixa-me dizer-te.
Diferes dos grandes homens que verdadeiramente o são apenas num ponto: todo o grande homem foi outrora um Zé Ninguém que desenvolveu apenas uma outra qualidade: a de reconhecer as áreas em que havia limitações e estreiteza no seu modo de pensar e agir. Através de qualquer tarefa que o apaixonasse, aprendeu a sentir cada vez melhor aquilo em que a sua pequenez e mediocridade ameaçavam a sua felicidade. O grande homem é, pois, aquele que reconhece quando e em que é pequeno. O homem pequeno é aquele que não reconhece a sua pequenez e teme reconhecê-la; que procura mascarar a sua tacanhez e estreiteza de vistas com ilusões de força e grandeza, força e grandeza alheias. Que se orgulha dos seus grandes generais, mas não de si próprio. Que admira as ideias que não teve, mas nunca as que teve. Que acredita mais arraigadamente nas coisas que menos entende, e que não acredita no que quer que lhe pareça fácil de assimilar.
Comecemos pelo Zé Ninguém que habita em mi: Durante vinte e cinco anos tomei a defesa, em palavras e por escrito, do direito do homem comum à felicidade neste mundo; acusei-te pois da incapacidade de agarrar o que te pertence, de preservar o que conquistaste nas sangrentas barricadas de Paris e Viena, na luta pela Independência americana ou na revolução russa.
Sabes melhor lutar pela tua liberdade que preservá-la para ti e para os outros. Isto eu sempre soube. O que não entendia, porém, era porque de cada vez que tentavas penosamente arrastar-te para fora de um lameiro acabavas por cair noutra ainda pior. Depois, pouco a pouco, às apalpadelas e olhando prudentemente em torno, entendi o que te escraviza: ÉS TU O TEU PRÓPRIO NEGREIRO. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Estas ideias podem ser apresentadas de forma mais espectacular com a voz de uma musa que lhe lê um livro).
“Para não ser escravo fiel de um único senhor, e ser escravo de todos, ter-se-á em primeiro lugar que matar o opressor, digamos, por exemplo, o Czar. Este crime político nunca poderia ser perpetrado sem um grande ideal de liberdade e motivos revolucionários. É, portanto, necessário fundar um partido revolucionário de liberdade sob a égide de um homem verdadeiramente grande, seja ele Jesus Cristo, Marx, Lincoln ou Lenin. Claro está que este grande homem tomará a tua liberdade muito a sério. Para a impor, terá que rodear-se de uma multidão de homens menores, ajudantes e moços de recados, dada a imensidade de tarefa para um só homem. Tu não, irias entendê-lo, e deixá-lo-ias de lado, se ele se rodeasse de gente um pouco superior. Assim escudado, ele conquista para ti o poder, ou uma parcela da verdade, ou uma nova e melhor crença.
Escreve evangelhos, promulga leis liberais, e conta com o teu apoio, seriedade e prontidão. Arranca-te do lameiro social onde te encontras imerso. Para manter solidários os muitos acólitos de menor talhe, para conservar a tua confiança, o homem verdadeiramente grande sacrifica pouco a pouco a sua grandeza que ele só pôde cultivar na sua profunda solidão espiritual, longe de ti e do teu bulício quotidiano mas em estreito contacto com a tua vida. Para te poder guiar, terá de conseguir que o transformes num Deus inacessível, pois que jamais obteria a tua confiança se permanecesse o simples homem que é, um homem a quem fosse, por exemplo, possível amar uma mulher sem estar casado com ela. E assim engendras um novo amo.
Promovido ao seu novo papel senhorial, eis que o grande homem mingua, pois que a grandeza lhe estava na inteireza, simplicidade, coragem e proximidade da vida. Os seus medíocres acólitos, grandes mercê da aura dele, assumem os altos cargos das finanças, da diplomacia, do governo, das ciências e das artes – e tu ficas onde estavas: no lameiro, pronto a esfarrapares-te novamente em nome do «futuro socialista» ou do «Terceiro Reich». Continuarás a viver em barracas com telhados de palha e paredes rebocadas de estrume, mas muito ufano dos teus palácios da cultura. Basta-te a ilusão de que governas – até que sobrevenha a próxima guerra e a queda dos novos tiranos. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: o texto anterior pode servir de base para uma discussão de uma “Ceia dos Intelectuais” em que personagens históricas famosas discutem de biologia, psicologia, sociologia, política, ética, filosofia e religião da evolução e das hierarquias. Um “Darwin” diz que as hierarquias estão na base da evolução da espécie, um “Freud” diz que as hierarquias são a sublimação da sexualidade, um “Reich” diz que dessa sublimação resulta o poder anómalo dos doentes mentais como Hitler, um “papa” defende a hierarquia dos melhores servos de Deus ao serviço do próximo, um anarquista chama a todos “darwinistas de merda” e pede a igualdade e fim das hierarquias ).
“Desejo que as crianças e os adolescentes experimentem com o corpo a sua alegria no prazer tranquilamente.
Não creio que para ser religioso no sentido genuíno da palavra seja necessário destruir a vida afectiva e tornar-se crispado e encolhido de corpo e de espírito.
Sei que aquilo a que chamas «Deus» existe, mas de forma diferente da que pensas: é a energia cósmica primordial do Universo, tal como o amor que anima o teu corpo, a tua honestidade e o teu sentimento da natureza em ti ou à tua volta. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: estas ideias podem ser acompanhadas de imagens poéticas e eróticas de adolescentes).
“E o Zé Ninguém que se aloja dentro de mim acrescenta: «És agora um grande homem, conhecido na Alemanha, Áustria, Escandinávia, Inglaterra, América, Palestina. Os comunistas atacam-te. Os ‘defensores dos valores culturais’ odeiam-te. Os teus alunos estimam-te. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Os nobres ideais de W.Reich podem ser tomados à letra de forma irracional por uma figura ridícula como “Fantozzi” transformando-se numa comédia de costumes ).
«A culpa é dos judeus». «Que é um judeu?» – pergunto eu. «São pessoas com sangue judeu» – respondes. «Qual é a diferença entre o sangue judeu e o outro?» Aqui estacas, hesitas, ficas confuso e respondes: «Quero dizer, dá raça dos judeus».»Que é raça?» – pergunto eu. «Raça? É simples, assim como existe uma raça germânica, existe a raça dos judeus».
«Que é que caracteriza a raça dos judeus?» «Bom, um judeu tem cabelos pretos, tem uma bossa no nariz e olhos muito vivos».
Os judeus são avarentos e capitalistas.» «Já alguma vez viste um francês do Sul ou um italiano ao Pé dum judeu? Sabes distinguí-los?» «Lá isso não sei assim muito bem» «Bom, então que é um judeu? As análises de sangue não mostram qualquer diferença, não se distingue de um francês ou de um italiano. E já alguma vez viste judeus alemães?» «Já, pois, parecem alemães.» «E que é um alemão?» «Um alemão pertence à raça ariana nórdica.» «Os Índios são arianos?» «São.» «E são nórdicos?» «Não.» «E loiros?’ «Não.» «Bom, então não sabes o que é um alemão e o que é um judeu.» «Mas há judeus.» «Pois há, tal como há cristãos e maometanos.» «Eu refiro-me à religião judaica.» «Roosevelt era holandês?» «Não.» «Então porque é que chamas judeu a um descendente de David, se não chamas holandês ao Roosevelt?» Com os judeus é diferente. «Em que é que é diferente?» «Não sei.»
E é assim que tu desatinas, Zé Ninguém. E sobre os teus desatinos levantas exércitos capazes de assassinar dez milhões de pessoas, porque são «judeus», sem que tu saibas sequer dizer o que é um judeu. E é por isso que és ridículo, que o melhor é evitar-te quando se tem alguma coisa de sério para fazer, é por isso que permaneces no lameiro. Quando dizes «judeu» sentes-te superior. E és forçado a dizê-lo pela tua própria miséria, pois o que matas no judeu é o que sentes que tu próprio és. Mas isto é apenas uma ínfima parcela da tua verdade, Zé Ninguém.
Quando dizes «judeu» cheio de arrogância e desprezo sentes menos a tua própria mesquinhez. Só recentemente me dei conta de que assim era. Só chamas «judeu» a quem suscita muito pouco ou demasiado o teu respeito. A tua concepção de «judeu» é perfeitamente arbitrária. Só que eu não te dou o direito a usá-la, quer tu sejas judeu ou ariano. Só eu próprio tenho o direito a determinar quem sou. Biológica e culturalmente sou um rafeiro e orgulho-me de ser o produto intelectual e físico de todas as classes, raças e nações, orgulho-me de não pertencer a uma «raça pura», como tu, de não pertencer a uma «classe pura», de não ser chauvinista como tu, um fascistinha de todas as nações, raças e classes. Constou-me que em Israel rejeitaste um técnico judeu pelo simples fato de não ser circuncidado. Não tenho mais afinidades com os judeus fascistas do que com quaisquer outros. Porque recuas apenas até Sem, e não até ao protoplasma? A vida para mim tem início nas contrações plasmáticas, e não no escritório de um rabi. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: este discurso aos judeus pode aplicar-se hoje em certos meios de informação aos americanos e em outros aos islâmicos ).
“Também me proclamaste novo Darwin, ou Marx, ou Pasteur, ou Freud. Disse-te já há muitos anos que também tu poderias falar e escrever como eu, se não passasses a vida a saudar os novos messias. Porque os teus gritos destruem-te a razão e paralisam a tua natureza criadora.
Não és tu que persegues a «mãe solteira» como uma criatura imoral, Zé Ninguém? Não és tu que estabeleces uma distinção severa entre as crianças «legítimas» e as crianças «ilegítimas?» Pobre criatura, que não entendes as tuas próprias palavras - ou não és tu que veneras o Cristo enquanto criança? Cristo menino, que nasceu de uma mãe que não possuía certificado de casamento? Sem fazeres ideia de que assim seja, como veneras no Cristo criança o teu desejo de liberdade sexual! Fizeste do Cristo criança, nascido ilegitimamente, o filho de Deus, que não reconhece a ilegitimidade de crianças.
Para logo em seguida, como Paulo [N.E.], o Apóstolo, perseguir os filhos nascidos do amor e proteger sob a alçada das leis religiosas os nascidos do ódio. És realmente um desgraçado, Zé Ninguém!“ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: podem criar-se situações ridículas com a transposição das leis de um tempo para outro: pedir o bi aos pais de Jesus e perguntar se são casados... ).
Nem sequer te apercebes de que a opressão das leis que regulam a tua vida matrimonial decorre naturalmente do teu espírito pornográfico e da tua irresponsabilidade sexual.
Sentes-te infeliz e medíocre, repulsivo, impotente, sem vida, vazio. Não tens mulher e, se a tens, vais com ela para a cama só para provar que és «homem». Nem sabes o que é o amor. Tens prisão de ventre e tomas laxantes. Cheiras mal e a tua pele é pegajosa, desagradável. Não sabes envolver o teu filho nos braços, de modo que o tratas como um cachorro em quem se pode bater à vontade. A tua vida vai andando sob o signo da impotência, no que pensas, no teu trabalho. A tua mulher abandona-te porque és incapaz de lhe dar amor. Sofres de fobias, nervosismo, palpitações. O teu pensamento dispersa-se em ruminações sexuais. Falam-te de economia sexual. Algo que te entende e poderia ajudar-te. Que te permitiria viveres à noite a tua sexualidade e que te deixaria livre durante o dia para pensar e trabalhar.
Que te faria ter nos braços uma mulher sorridente em vez de desesperada, ver os teus filhos sãos em vez de pálidos, amorosos em vez de cruéis. Mas quando ouves falar de economia sexual dizes: «O sexo não é tudo. Há outras coisas importantes na vida». És assim, Zé Ninguém.
Ou suponhamos que és um «marxista», um «revolucionário profissional», um futuro «dirigente dos Proletários do Mundo».
Dizes querer libertar as massas do seu sofrimento. As massas enganadas fogem-te desiludidas e tu gritas enquanto corres no seu encalço: «Parai, massas proletárias! Sou o vosso libertador! Abaixo o capitalismo!» Enquanto eu falo às massas, pequeno-revolucionário, e lhes digo da miséria das suas. pequenas vidas. Ouvem-me, com entusiasmo e esperança. Acorrem às tuas organizações onde esperam encontrar-me. É, então que dizes: «A sexualidade é uma invenção pequeno-burguesa. O que conta é o factor económico». E lês os livros de Van de Velde sobre técnicas sexuais.
...
«O proletariado foi corrompido pela burguesia. Os líderes. do proletariado são quem poderá solucionar o problema. Irão sanear os costumes com um punho de ferro - o problema sexual do proletariado só assim poderá ser solucionado».
Eu sei o que tu queres dizer, Zé Ninguém. Foi exatamente o que se passou na tua pátria dos proletários: deixar que o problema sexual se resolvesse por si próprio. O resultado viu-se em Berlim, com os soldados proletários violando mulheres a torto e a direito. Sabes que foi assim. Os teus campeões da «honra revolucionária», «os soldados do proletariado do mundo» prometeram-te o suficiente para a vergonha te durar uns séculos. Dizes que estas coisas «só acontecem na guerra»?
Então conto-te uma outra história: Um outro chefe, cheio de entusiasmo pela ditadura do proletariado, não o era menos quanto à economia sexual. Veio ter comigo e disse-me: «Você é extraordinário. Karl Marx mostrou-nos como é possível a liberdade económica; você aponta-nos a via para a liberdade sexual; foi capaz de nos dizer: Fodam o mais que puderem». Na tua mente tudo se perverte. Aquilo a que eu chamo um ato de amor, é, na tua vida, um ato pornográfico. E nem sequer sabes do que estou a falar, Zé Ninguém. E é por isso que sempre retornas ao lameiro. Se por acaso tu, Maria Ninguém, dás em professora sem que possuas quaisquer qualificações especiais para tal e apenas porque nunca tiveste filhos, os efeitos da tua acção são desastrosos. O teu trabalho deveria ser comunicar com as crianças e educá-las. Qualquer educação válida engloba um conhecimento da sexualidade infantil. Mas para poder entender a sexualidade infantil é necessário conhecer por experiência própria o que é uma relação de amor. E tu és obesa, desajeitada e sem qualquer atractivo, o que necessariamente te leva a odiar qualquer corpo humano dotado de graça e vivacidade. Não é evidentemente por seres gorda e pouco atraente que te censuro, nem por jamais teres conhecido o amor de um homem (nenhum que fosse minimamente saudável to teria oferecido), nem sequer pelo fato de não entenderes o amor das crianças. Mas porque tens na conta de virtude a tua total ausência de atractivos e a tua incapacidade de amar e porque esmagas com o teu ódio a afectividade das crianças a teu cargo, ainda que exerças as tuas funções numa «escola progressista». O que é um crime e te transforma numa monstruosidade, mulherzinha. A tua influência perniciosa consiste em alienares a afeição que crianças saudáveis sentem por pais saudáveis; em considerares o saudável afecto de uma criança como um sintoma patológico. Em estenderes a toda a tua influência o formato de barril do teu corpo: pensas como um barril, e educas como um barril; em não saberes retirar-te para um lugar modesto e tentares impor aos outros a tua presença opaca, a tua falsidade e o teu ódio amargo sob a máscara do teu falso sorriso.
...
Tiveste a escolha entre a elucidação de Freud da origem sexual das tuas perturbações emocionais e a sua teoria da adaptação cultural. Escolheste a sua filosofia cultural, que não te trazia qualquer apoio, e esqueceste a teoria sexual. Pudeste escolher entre a magnificente simplicidade de Cristo e Paulo [N.E.], com o seu celibato para os padres e o seu casamento indissolúvel.
Escolheste o celibato e o casamento indissolúvel esquecendo a mulher simples que pariu seu filho, Jesus, apenas por amor.
...
Enforcas os nazis depois de terem assassinado milhões de pessoas. Onde é que estavas antes? Dezenas de cadáveres não bastam para fazer-te pensar, apenas milhões? Cada um destes actos mesquinhos dá sinal da tua monstruosidade de animal humano.
...
Pensas que os fins justificam os meios, ainda que estes sejam vis. Enganas-te: o fim é a trajectória com que o alcanças. Cada passo de hoje é a tua vida de amanhã. Nenhum objectivo verdadeiramente grande poderá ser alcançado por meios vis – tens bem a prova de que assim é em todas as revoluções sociais. A vileza ou a desumanidade duma dada trajectória torna-te vil e desumano, e o fim inatingível. “ - Wilhelm Reich.
(Nota: Esta manhã, 2006-12-05, senti a notícia de mais 52 cadáveres com sinais de torturas encontrados no Iraque, ... pouco depois mais uma explosão de uma bomba de terroristas com 16 ... Alguém que se lamenta num jornal que era melhor no ditadura de Saddam que agora que nem podem sair à rua com medo... Morre uma média de 100 vítimas do terrorismo por dia e muitas são torturadas antes da morte e tudo faz menos notícia e indignação de uma única americana que “torturou” ou humilhou alguns prisioneiros para se divertir ou convencê-los a colaborar. Esta americana foi condenada judicialmente e pela opinião pública de Indymedia e de muita informação ocidental muito mais de Saddam ou responsáveis de torturas até à morte de milhares ou milhões de inocentes. E se com a tortura de um torturador salvássemos da tortura 10, 100 ou 1000 inocentes? E se com a morte de um terrorista assassino salvássemos da morte 10, 100. 1000 inocentes? Nem todos os fins justificam certos meios mas não há meios que não possam ser justificados se com certeza absoluta evitam outros piores ).
«Como poderei então servir os objetivos do amor cristão, do socialismo, da Constituição americana?»
O teu amor cristão, o teu socialismo, a tua Constituição americana assentam sobre a tua vida quotidiana, sobre o que pensas no teu dia-a-dia, sobre o modo como fazes amor com a tua companheira, sobre a tua atitude face ao trabalho como TUA RESPONSABILIDADE SOCIAL, sobre a forma como evitas ser o supressor da tua própria vida. Mas és tu, Zé Ninguém, que abusas das liberdades que te são concedidas pela Constituição e que assim a destróis, em vez de tentares consolidá-la na tua vida quotidiana. Assisti à forma com tu, refugiado alemão, abusaste da hospitalidade sueca. Eras nesse tempo o futuro chefe de todos os povos suprimidos da terra. Lembras-te do costume sueco do smörgasbord? Uma mesa cheia de pratos e doces diversos que cada um pode escolher como lhe aprouver. Este costume parecia-te novo e estranho; parecia-te impossível uma tal confiança na honestidade alheia. Disseste-me então, sem te dares conta da perversidade da tua satisfação, que não tinhas comido durante todo o dia de modo a poderes empanzinar-te de borla à noite. «Passei fome quando era criança» – disseste. Eu sei, Zé Ninguém, porque te vi passar fome e sei o que é.
«Ouçam este pequeno-burguês reacionário e individualista! O tipo desconhece a marcha inexorável da história. 'Conhece-te a ti próprio' – diz ele. A asneira burguesa do costume! O proletariado revolucionário mundial, conduzido pelo seu bem-amado chefe, pai de todos os povos, de todos os Russos, de todos os Eslavos, libertará o povo. Abaixo os individualistas e anarquistas!»
E vivam os Paizinhos de todos os povos, de todos os Eslavos, Zé Ninguém! Ouve bem agora, que tenho algumas predições graves a fazer-te: estás de fato em vias de te apropriares do mundo, o que te aterra. Durante séculos, irás assassinar os teus amigos e saudar como teus senhores os chefes de todos os povos, de todos os Russos. Dia após dia, semana após semana e década após década, louvarás senhor após senhor, esquecendo os gemidos dos teus filhos, ignorando a agonia dos teus adolescentes, as aspirações dos teus homens e mulheres, ou, se acaso os escutares, chamar-lhe-ás individualismo burguês. Em lugar de protegeres a vida, irás derramando o sangue atrás dos séculos, na crença de que apenas alcançarás a liberdade com o auxílio de carrascos – de novo e de novo enterrado na lama por tuas próprias mãos. Continuarás através dos séculos a seguir embusteiros e energúmenos, cego e surdo ao apelo da VIDA, A TUA PRÓPRIA VIDA. Porque tu temes a vida, Zé Ninguém, e a destróis na crença de que o fazes em nome do «socialismo», ou do «Estado», ou da «honra nacional», ou da «glória de Deus». Há algo, no entanto, que não sabes ou não queres saber: que és tu que geras a tua própria miséria, hora após hora, dia após dia; que não entendes os teus filhos e que tu próprio lhes partes a espinha antes de terem -sequer uma oportunidade de desenvolver-se; que devoras o amor; que és avaro e ávido de poder – que mantém o cão preso para te sentires «dono».
Caminharás errante através dos séculos e estarás condenado à fome. Mas desconheces que é assim, roubando smörgasbord, que perpetuas a fome dos teus filhos, tu, futuro salvador de todos os famintos. Há coisas que se não devem fazer, tais como roubar as colheres de prata, ou a mulher, ou o smörgasbord de uma casa que'te oferece hospitalidade.
...
Então, e só então, começaste a acreditar na existência do espírito, enquanto, concomitantemente, se ia consolidando o conhecimento do teu corpo. Descobri que o teu espírito é uma função da tua energia vital, isto é, por outras palavras, que existe uma unidade entre o corpo e o espírito. Esta foi a linha de reflexão e investigação que segui, chegando à conclusão de que expandes essa energia vital sempre que te sentes bem e afectivamente seguro e que a retrais para dentro do teu próprio corpo sempre que tens medo. Durante quinze anos mantiveste-te silencioso quanto ao conteúdo destas conclusões. O que não me impediu de prosseguir a mesma via e de descobrir que esta energia vital, à qual dei o nome de «orgone», se encontra também presente na atmosfera, fora do teu corpo. Consegui torná-la visível na escuridão e montar aparelhagem capaz de a amplificar e tornar luminosa. Enquanto tu jogavas às cartas, ou te entretinhas a torturar a tua mulher e os teus filhos, eu permaneci várias horas por dia, durante dois longos anos, na minha câmara escura, procurando certificar-me de que havia realmente isolado a tua energia vital. Gradualmente, aprendi a demonstrá-lo a outros e a constatar que lhes era possível verificar o mesmo que eu. Mas tu, na tua qualidade de médico crente de que o psíquico é apenas uma secreção das glândulas endócrinas, apressas-te a afirmar a um dos meus doentes recuperados que o meu sucesso terapêutico foi apenas a resultado de «sugestão».Ou, sofrendo como sofres de dúvidas obsessivas e fobias relacionadas com a obscuridade, afirmas em relação aos fenómenos que acabas de observar que também eles se devem à «sugestão» ou que te sentes como que saído de uma sessão espírita. És assim, ZéNinguém. Em 1945 utilizas as mesmas reflexões asnáticas sobre a «alma» que em 1922 utilizavas para lhe negar a existência.
Continuas sendo o mesmo Zé Ninguém. Em 1984 continuarás de ânimo leve a ganhar dinheiro com o orgone e, igualmente de ânimo leve, a difamar, a abafar no silêncio e a tentar destruir qualquer outra verdade, tal como o fizeste com a descoberta do psíquico e da energia cósmica. E permanecerás o mesmo Zé Ninguém cheio de «espírito crítico», berrando «Viva!» a este e àquele. Lembras-te do que disseste da descoberta de que a Terra não é imóvel, mas gira sobre si própria e se move no espaço?
Não tiveste outra resposta senão a graça estúpida de que, a partir de então, os copos passariam a tombar das bandejas dos criados. Foi há alguns séculos, de modo que já esqueceste, Zé Ninguém. Tudo o que sabes de Newton é «que lhe caiu uma maçã na cabeça» e tudo o que sabes de Rousseau é que preconizava o «retorno à natureza».A única coisa que aprendeste com Darwin foi a «sobrevivência dos mais aptos», não as tuas origens como primata. Do Fausto de Goethe, que tanto te agrada citar, entendeste tanto como um gato entende de matemática. És estúpido e vaidoso, vazio e macaqueante, Zé Ninguém. Sempre encontras forma de desvirtuar o essencial e assimilar o errôneo. O teu Napoleão, esse homenzinho de galões doirados, que nada nos legou senão o cumprimento obrigatório do serviço militar, surge nas tuas livrarias todo encadernado a doirados, enquanto o meu Kepler, que teve a intuição da tua origem cósmica, não se pode encontrar em nenhuma livraria. É por isso que continuas no lameiro, Zé Ninguém. É, por isso, que me vejo obrigado a contradizer-te cada vez que pareces estar convencido de que eu trabalhei e lutei durante vinte anos, que sacrifiquei enormes quantias, apenas para te «sugerir» a existência da energia cósmica do orgone. Não, Zé Ninguém, aprendi realmente a sanear o mal que te aflige, coisa que não podes crer. Bem te ouvi afirmar na Noruega que «quem quer que seja que gaste uma tal quantia em meras experiências deve ser completamente louco». Claro! Julgas por ti próprio. Só te é possível tirar, dar nunca, por isso te é inconcebível que quem quer que seja possa ter alegria na dádiva, tal como te é inconcebível a hipótese de estar com uma mulher sem que imediatamente se te ponha a questão de a «comer». Talvez me fosse possível respeitar-te se fosses ao menos grande quando «roubas» felicidade. Mas até nisso és medíocre. Não és ignorante, mas como o teu estado psíquico habitual é de prisão de ventre, és incapaz de criar – roubas o osso e rastejas para o primeiro buraco onde possas roê-lo em paz, tal como Freud um dia te disse. Atracas-te ao primeiro indivíduo generoso que encontras e secá-lo até à medula no que tenha para dar-te. E é a ele que chamas idiota. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: as duas últimas frases devem ser encadernadas num quadro ou encontrar qualquer forma de as colocar em relevo e repetir a propósito do ggg ou personagem inspirada nele).
Devoras-lhe o que possa dar-te de sabedoria, de alegria, de grandeza, mas és incapaz de digerir o que dele te venha. Sai-te nas fezes, e o fedor que exala é pavoroso. Ou, para salvaguardares a tua dignidade após o que é realmente uma violação e um furto, chamas-lhe alienado, charlatão ou perverso sexual.
Ora aí temos: «Perverso sexual».Lembras-te, Zé Ninguém (eras tu presidente de uma sociedade científica), de como te foi necessário espalhar o boato de que eu encorajava os meus filhos a assistirem ao ato sexual? Passou-se isto pouco depois de eu ter publicado o meu primeiro artigo sobre os direitas da criança à actividade genital. De uma outra vez (eras presidente temporário de uma espécie de associação cultural de Berlim) fizeste correr que eu saía de carro para o campo com adolescentes a fim de as seduzir. Nunca seduzi adolescentes, Zé Ninguém. A obscenidade da fantasia é tua, não minha. Amo a minha mulher e a minha filha – é a tua incapacidade de amares as tuas que te leva ao desejo inconfessável de andar pelos bosques seduzindo rapariguinhas.
E tu, rapariguinha, não é verdade que sonhas com o «másculo» ídolo cinematográfico? Não és tu que levas a sua fotografia contigo para a cama? Que fazes o jogo da aproximação e da sedução, afirmando-te como maior de 18 anos? E não és tu ainda que o acusas em tribunal de crime de violação? E imaculada de culpas ou condenada, serão as tuas avós que continuarão a beijar-lhe as mãos.
Querias ir para a cama com ele, mas foste incapaz de assumir a responsabilidade. Por isso o acusas, pobre menina violada. Ou tu, mulher madura, também dita violada, que conheceste maior prazer na relação sexual com o teu motorista que com o teu marido. Não foste tu que o seduziste por lhe sentires mais sã a sua sexualidade de homem de cor? E não foi então que o acusaste de crime, a ele que não possuía apoios, vitima da sua condição de «raça inferior»? Evidentemente que não, tu és pura e branca, os teus antepassados vieram no May-flower, és «Filha Desta ou Daquela Revolução», Nortista ou Sulista, cujo avô enriqueceu à custa da escravatura negra. Como és inocente, pura, branca, como é inexistente o teu desejo do Negro, pobre criatura. Miserável cobarde, descendente de uma raça de caçadores de escravos, descendente de um Cortês que atraiu milhares de astecas confiantes à emboscada onde os exterminou. Desgraçadas filhas desta ou daquela revolução. Mas qual é a vossa concepção da emancipação? Que fizeram do esforço dos revolucionários americanos, dos esforços de Lincoln, que vos libertou os escravos para serem entregues agora ao «mercado livre da competição»? Olhem para o espelho, filhas de revoluções – vejam como são idênticas às «Filhas da Revolução Russa», meninas inocentes e castas.
Se ao menos uma vez na vida vos houvesse sido possível dar amor a um homem, quantas vidas de negros, de judeus, de trabalhadores, poderiam ter sido salvas. Tal como esmagais a vida de vossos filhos, assim vos aproximais dos negros para matar em vós próprias o pouco que resta do impulso de amar, a fantasia pornográfica e frívola da luxúria. Como eu vos conheço, filhas e mulheres da alta finança, e a toda a vileza contida nos vossos sexos mortos. Não, filhas desta ou daquela revolução, não tenho a menor intenção de me tornar um L.L.D. ou comissário, cargo que deixo de bom grado às rígidas criaturas em uniforme que vos comandam. Guardo o meu amor para os pássaros e esquilos, os animais livres que tão perto estão dos negros, não os negros de Harlem, com os seus colarinhos engomados e fatiotas rígidas, mas os negros integrados nas suas tribos na floresta. Não as rotundas mulheres negras de argolas nas orelhas, cujo prazer negado lhes arredonda os flancos até ao absurdo, mas os corpos esbeltos e suaves das raparigas dos mares do Sul, em cujas carnes se compraz a vileza dos homens deste ou daquele exército, raparigas que desconhecem que o seu amor puro é «usado» como numa relação de bordel.
Não, menina, tu desejas a vida que não entendeu ainda até que ponto é explorada e desprezada. Só que os teus dias estão contados. A tua versão «virgem da raça germânica» foi extinta - ainda subsistes como «virgem da classe proletária» na Rússia, ou como «filha da Revolução Universal». Mas daqui a uns quinhentos, a uns mil anos, quando rapazes e raparigas saudáveis puderem enfim proteger o amor e nele achar alegria, nada mais restará de ti do que a memória do teu ridículo. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: imagino o texto anterior acompanhado de imagens de sedução entre pessoas e animais, agressividade como preambulo ao sexo como sucede com gatos selvagens, chulos e prostitutas, tabus, ).
“Porque não tiveste sequer a humanidade de avisar os homens, as mulheres e as crianças de Hiroxima e Nagasaqui. “ - Wilhelm Reich.
(Nota: aqui se vê o anti-americanismo tão típico da Europa: os USA foram atacados dos japoneses sem declaração de guerra, aquelas bombas com algumas centenas de milhares de mortos em tempo de guerra puseram o fim a uma guerra de dezenas de milhões de mortos, só foram lançadas de pois de um pré-aviso se não se rendessem e continuam a ser apresentadas como a vergonha dos americanos. Na verdade as bombas foram lançadas em tempo de guerra contra um agressor que atacou sem avisar. )
“Imaginemos que eu te aconselhava a fazeres desaparecer toda a actividade diplomática e a substituí-la, pela fraternidade profissional e pessoal com todos os sapateiros, carpinteiros, mecânicos, técnicos, físicos, educadores, escritores, administradores, mineiros e camponeses de todos os países; que fossem, pois, todos os sapateiros do mundo os responsáveis pela decisão de qual o melhor modo de calçar todas as crianças chinesas; os mineiros responsáveis pelas reservas de carvão para aquecimento de todos os países frios; os educadores de todo o mundo volvidos guardiões da futura sanidade mental de todas as crianças recém-nascidas. Que farias tu, Zé Ninguém, sé te visses a braços com todos estes simples problemas da existência quotidiana?
Decerto que a tua resposta, ou a de qualquer dos representantes do teu partido, governo ou sindicato, (a menos que me prendesses imediatamente como «comunista»), seria a seguinte: «Quem sou eu para poder substituir as relações diplomáticas por relações internacionais ao nível do trabalho e do desenvolvimento social?»
Ou: «A eliminação das diferenças nacionais no domínio do desenvolvimento económico e da cultura não é possível».
Ou: «Queres que se restabeleçam relações de qualquer espécie com os fascistas alemães, ou japoneses, ou com os comunistas russos, ou com os capitalistas americanos?»
Ou: «Acima de tudo interessam-me os destinos da minha Pátria – Rússia, Alemanha, América, Inglaterra, Israel ou Comunidade Árabe».
Ou: «Já me chegam os problemas que tenho para manter a minha vida em ordem e para me entender com o meu Sindicato dos Alfaiates. Outros que se ralem com os sindicatos de outros países».
Ou: «Não dêem ouvidos a este capitalista, bolchevista, fascista, trotskista, internacionalista, sexualista, judeu, estrangeiro, intelectual, mitómano, utopista, demagogo, doido, individualista, anarquista. Onde está a vossa consciência de americano, russo, alemão, inglês, judeu?»
Podes ter a certeza absoluta de que usarias qualquer destes slogans, ou outros, a fim de evitar a tua responsabilidade na forma como se processam as relações entre os homens.
«Mas, então, eu não sou nada? Parece que não me reconheces um único traço positivo! Afinal, que diabo, trabalho que me farto, sustento a minha mulher e os meus filhos, levo uma vida decente e sirvo o meu país. Não posso ser tão estupor quanto isso!»
...
És GRANDE, Zé Ninguém, quando não és medíocre e mesquinho. A tua grandeza é a única esperança que nos resta a todos. És grande quando desempenhas com gosto a tua tarefa quando trabalhas na alegria a madeira, quando constróis, quando pintas e embelezas os teus espaços, quando trabalhas a terra, quando contemplas o céu na quietude e te comprazes na existência dos animais simples, no orvalho, quando danças e cantas, quando amas a beleza dos teus filhos, o corpo do homem ou da mulher que escolheste; quando vais até um planetário tentar entender o espaço ou a uma biblioteca ler o que pensaram da vida outros homens e mulheres. És grande na tua velhice, com o teu neto no colo, dizendo-lhe de como foi outrora, respondendo à sua curiosidade confiante. És grande quando és mãe, embalando o teu filho nos braços, o coração cheio de esperança de que para ele venham melhores dias, a felicidade que, hora a hora, lhe vais construindo.
És grande, Zé Ninguém, quando cantas as antigas canções do teu povo ou danças ao som do acordeão, porque os cantos do povo são pacíficos, e são-no em todos os lugares do mundo. E és grande quando afirmas ao teu amigo:
«Ainda bem que o destino me concedeu até hoje uma vida limpa e sem ambições, que pude acompanhar o crescimento dos meus filhos, ouvir-lhes as primeiras palavras, vê-los mover-se, andar, brincar, fazer perguntas, assistir à sua, alegria; ainda bem que não deixei passar a Primavera sem a sentir, que pude gozar o vento ameno e o rumorejar dos regatos e o canto das aves; que não perdi o meu tempo em mexericos com os vizinhos, que amei a minha companheira e que senti correr no meu corpo o fluxo da vida; ainda bem que, mesmo em tempo de perturbação, não perdi o norte nem o sentido da vida. Pois que me foi possível escutar a voz que murmurava no meu intimo: ‘Existe apenas uma única coisa que vale a pena: viver bem e alegremente a própria vida. Escuta a voz do teu coração, ainda que tenhas de afastar-te do caminho trilhado pelos timoratos. E não consintas que o sofrimento te torne duro e amargo. E assim, na quietude do cair da tarde, quando me sento na erva em frente de minha casa, depois de um dia de trabalho, com a minha mulher e os meus filhos, ouço no pulsar da natureza à minha volta a melodia do futuro: ‘Humanidade inteira, eu te abençôo e abraço.’ E desejaria então que a vida aprendesse a defender os seus direitos, que fosse possível modificar os espíritos duros e os medrosos, que só fazem troar os canhões porque a vida os desapontou. E quando o meu - filho instalado no meu colo me pergunta: ‘Pai, o sol desapareceu, para onde foi, achas que volta depressa?’, respondo-lhe: ‘Sim, filho, há-de voltar amanhã para nos aquecer.’» Escuta, Zé Ninguém, W. Reich, http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=43125&cidade=1
Só agora encontrei no fff um livro dedicado especialmente a mi. Li-o há mais de 20 anos e recordo que me tinha deixado uma enorme impressão: “Escuta, Zé Ninguém!” de Wilhelm Reich.
Enquanto o relia veio-me a ideia de criar um personagem para filme ou livro de fantasia com o nome Zé Ninguém. Agora recordo que talvez o nome do personagem “Zé Justo” tenha sido inspirado inconscientemente neste livro. Para já começo por algumas ideias para esse filme:
O Zé Ninguém não tinha medo de morrer. Mas tinha medo de morrer sem obter justiça, vítima de uma morte para que não fosse feita justiça. Recordou aquela prostituta das “Mil e uma noites” que contou histórias para salvar a vida. (Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Estas pensamentos podem ser expressos em cinema com o zn a ver um filme ou TV ou publicidade a filme de mortes e depois do filme “As mil e uma noites” de forma que com resumo em voz off e imagens espectaculares de dê a ideia do livro.) Depois do testamento devidamente registrado para que os direitos de autor servissem para uma obra benéfica em favor das vítimas de injustiças, passou a dedicar todo o seu tempo e todas as suas energias a escrever artigos, livros, filmes e programas de TV. Tudo girava à volta do seu problema que não era o problema de possíveis leitores de jornais, livros ou espectadores de TV e cinema. O Zé Ninguém escreve na esperança de que se não obtiver justiça em vida a sua obra servirá para a continuação de luta depois da morte. Os amigos tentam convencê-lo de que os artigos não interessam a ninguém, os livros nunca serão publicados e as fantasias de TV e cinema só passarão pela sua cabeça. Mas o Zé Ninguém continua com a sua megalomania: morrerá ou desaparecerá de forma misteriosa, aparecerá nas primeiras páginas e começarão a investigar começando pelo que escreveu contra personagens importantes: Mário Soares, Jorge Sampaio, ... Ordem dos Advogados, ... Magistratura, ... Mafias em diversos campos ... Os artigos esquecidos chegarão às primeiras páginas, os livros tornar-se-ão best-sellers, os filmes encherão as salas e a sua associação benéfica faz uma revolução na justiça.
Citações do livro, ideias e comentários:
“Observo estritamente o cumprimento das leis quando fazem sentido, e luto contra elas quando obsoletas ou absurdas. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Exemplos da estupidez da velha justiça e de factos reais que parecem anedotas: um milionário por entornar café e fazer causa a uma multinacional, um advogado americano que ganhou um processo contra o Papa Paulo VI porque num convento na Suíça não lhe deram um cão mas nunca viu os 500 dólares que segundo o tribunal o Papa lhe devia dar, um criminoso italiano só passou uns dois anos na prisão por matar o jornalista Walter Tobagi mas um polícia foi condenado a 14 anos por matar o ladrão que lhe queria roubar o carro, por telefonar de um ofício público um empregado foi condenado a um ano de prisão em Itália ).
“Não sou um Vermelho, nem um Branco, nem um Negro, nem um Amarelo. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: O zn, (zn=Zé Ninguém), é considerado fascista e anti-fascista, nazista e anti-nazista, comunista e anti-comunista, anarquista e anti-anarquista, ... mas sobretudo islâmico e anti-islâmica. Na verdade o zn considera-se um cidadão do mundo que procura o melhor mesmo do fascismo, nazismo, comunismo, capitalismo e anarquia.).
“Não sou nem cristão, nem judeu, nem maometano, mórmon, homossexual, polígamo, anarquista ou membro de seita secreta.
Faço amor com a minha mulher porque a amo e a desejo e não porque tenha um certificado de casamento ou para satisfazer as minhas necessidades sexuais. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: o zn trova meio de dar relevo a estas frases que seguem ).
“E o Zé Ninguém que se aloja dentro de mi acrescenta: «És agora um grande homem, conhecido na Alemanha, Áustria, Escandinávia, Inglaterra, América, Palestina. Os comunistas atacam-te. Os ‘defensores dos valores culturais’ odeiam-te. Os teus alunos estimam-te. Os doentes que curaste admiram-te. Os que sofrem da peste emocional perseguem-te. Escreveste 12 livros e 150 artigos sobre as misérias da existência, sobre o sofrimento do homem comum. As tuas ideias são ensinadas nas Universidades; outros grandes homens igualmente solitários confirmam o teu prestígio e põem-te entre os maiores intelectos da história da ciência. Fizeste uma das maiores descobertas científicas desde há muitos séculos, a da energia cósmica da vida e suas leis... Descansa agora. Goza os frutos do teu êxito, do teu prestígio. Em poucos anos o teu nome será conhecida por todos. O que fizeste já basta. Recolhe-te agora ao repouso, ao estudo da lei funcional da natureza». “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: o zn sonhava que se dissesse dele ...)
“Conheces Hitler melhor que a Nietzsche, Napoleão melhor que a Peslalozzi. Qualquer monarca significa mais para ti do que Sigmund Freud. E o Zé Ninguém que vive em mi gostaria de ter-te nas mãos pelo processo costumeiro, recorrendo ao rataplã dos chefes. Eu temo-te, porém, quando o meu Zé Ninguém deseja «conduzir-te à liberdade». É que poderias descobrir a mesma identidade medíocre em ti e em mi, e, assustado, matares-te na minha pessoa. Foi por isso que deixei de ser escravo da tua liberdade e desejar morrer por ela.
...
És «livre» apenas num sentido: livre da educação que te permitiria conduzires a tua vida como te aprouvesse, acima da autocrítica. Tu mesmo te desprezas, Zé Ninguém, Dizes: «Quem sou eu para ter opinião própria, para decidir da minha própria vida e ter o mundo por meu?» E tens razão: Quem és tu para reclamar direitos sobre a tua vida? Deixa-me dizer-te.
Diferes dos grandes homens que verdadeiramente o são apenas num ponto: todo o grande homem foi outrora um Zé Ninguém que desenvolveu apenas uma outra qualidade: a de reconhecer as áreas em que havia limitações e estreiteza no seu modo de pensar e agir. Através de qualquer tarefa que o apaixonasse, aprendeu a sentir cada vez melhor aquilo em que a sua pequenez e mediocridade ameaçavam a sua felicidade. O grande homem é, pois, aquele que reconhece quando e em que é pequeno. O homem pequeno é aquele que não reconhece a sua pequenez e teme reconhecê-la; que procura mascarar a sua tacanhez e estreiteza de vistas com ilusões de força e grandeza, força e grandeza alheias. Que se orgulha dos seus grandes generais, mas não de si próprio. Que admira as ideias que não teve, mas nunca as que teve. Que acredita mais arraigadamente nas coisas que menos entende, e que não acredita no que quer que lhe pareça fácil de assimilar.
Comecemos pelo Zé Ninguém que habita em mi: Durante vinte e cinco anos tomei a defesa, em palavras e por escrito, do direito do homem comum à felicidade neste mundo; acusei-te pois da incapacidade de agarrar o que te pertence, de preservar o que conquistaste nas sangrentas barricadas de Paris e Viena, na luta pela Independência americana ou na revolução russa.
Sabes melhor lutar pela tua liberdade que preservá-la para ti e para os outros. Isto eu sempre soube. O que não entendia, porém, era porque de cada vez que tentavas penosamente arrastar-te para fora de um lameiro acabavas por cair noutra ainda pior. Depois, pouco a pouco, às apalpadelas e olhando prudentemente em torno, entendi o que te escraviza: ÉS TU O TEU PRÓPRIO NEGREIRO. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Estas ideias podem ser apresentadas de forma mais espectacular com a voz de uma musa que lhe lê um livro).
“Para não ser escravo fiel de um único senhor, e ser escravo de todos, ter-se-á em primeiro lugar que matar o opressor, digamos, por exemplo, o Czar. Este crime político nunca poderia ser perpetrado sem um grande ideal de liberdade e motivos revolucionários. É, portanto, necessário fundar um partido revolucionário de liberdade sob a égide de um homem verdadeiramente grande, seja ele Jesus Cristo, Marx, Lincoln ou Lenin. Claro está que este grande homem tomará a tua liberdade muito a sério. Para a impor, terá que rodear-se de uma multidão de homens menores, ajudantes e moços de recados, dada a imensidade de tarefa para um só homem. Tu não, irias entendê-lo, e deixá-lo-ias de lado, se ele se rodeasse de gente um pouco superior. Assim escudado, ele conquista para ti o poder, ou uma parcela da verdade, ou uma nova e melhor crença.
Escreve evangelhos, promulga leis liberais, e conta com o teu apoio, seriedade e prontidão. Arranca-te do lameiro social onde te encontras imerso. Para manter solidários os muitos acólitos de menor talhe, para conservar a tua confiança, o homem verdadeiramente grande sacrifica pouco a pouco a sua grandeza que ele só pôde cultivar na sua profunda solidão espiritual, longe de ti e do teu bulício quotidiano mas em estreito contacto com a tua vida. Para te poder guiar, terá de conseguir que o transformes num Deus inacessível, pois que jamais obteria a tua confiança se permanecesse o simples homem que é, um homem a quem fosse, por exemplo, possível amar uma mulher sem estar casado com ela. E assim engendras um novo amo.
Promovido ao seu novo papel senhorial, eis que o grande homem mingua, pois que a grandeza lhe estava na inteireza, simplicidade, coragem e proximidade da vida. Os seus medíocres acólitos, grandes mercê da aura dele, assumem os altos cargos das finanças, da diplomacia, do governo, das ciências e das artes – e tu ficas onde estavas: no lameiro, pronto a esfarrapares-te novamente em nome do «futuro socialista» ou do «Terceiro Reich». Continuarás a viver em barracas com telhados de palha e paredes rebocadas de estrume, mas muito ufano dos teus palácios da cultura. Basta-te a ilusão de que governas – até que sobrevenha a próxima guerra e a queda dos novos tiranos. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: o texto anterior pode servir de base para uma discussão de uma “Ceia dos Intelectuais” em que personagens históricas famosas discutem de biologia, psicologia, sociologia, política, ética, filosofia e religião da evolução e das hierarquias. Um “Darwin” diz que as hierarquias estão na base da evolução da espécie, um “Freud” diz que as hierarquias são a sublimação da sexualidade, um “Reich” diz que dessa sublimação resulta o poder anómalo dos doentes mentais como Hitler, um “papa” defende a hierarquia dos melhores servos de Deus ao serviço do próximo, um anarquista chama a todos “darwinistas de merda” e pede a igualdade e fim das hierarquias ).
“Desejo que as crianças e os adolescentes experimentem com o corpo a sua alegria no prazer tranquilamente.
Não creio que para ser religioso no sentido genuíno da palavra seja necessário destruir a vida afectiva e tornar-se crispado e encolhido de corpo e de espírito.
Sei que aquilo a que chamas «Deus» existe, mas de forma diferente da que pensas: é a energia cósmica primordial do Universo, tal como o amor que anima o teu corpo, a tua honestidade e o teu sentimento da natureza em ti ou à tua volta. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: estas ideias podem ser acompanhadas de imagens poéticas e eróticas de adolescentes).
“E o Zé Ninguém que se aloja dentro de mim acrescenta: «És agora um grande homem, conhecido na Alemanha, Áustria, Escandinávia, Inglaterra, América, Palestina. Os comunistas atacam-te. Os ‘defensores dos valores culturais’ odeiam-te. Os teus alunos estimam-te. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: Os nobres ideais de W.Reich podem ser tomados à letra de forma irracional por uma figura ridícula como “Fantozzi” transformando-se numa comédia de costumes ).
«A culpa é dos judeus». «Que é um judeu?» – pergunto eu. «São pessoas com sangue judeu» – respondes. «Qual é a diferença entre o sangue judeu e o outro?» Aqui estacas, hesitas, ficas confuso e respondes: «Quero dizer, dá raça dos judeus».»Que é raça?» – pergunto eu. «Raça? É simples, assim como existe uma raça germânica, existe a raça dos judeus».
«Que é que caracteriza a raça dos judeus?» «Bom, um judeu tem cabelos pretos, tem uma bossa no nariz e olhos muito vivos».
Os judeus são avarentos e capitalistas.» «Já alguma vez viste um francês do Sul ou um italiano ao Pé dum judeu? Sabes distinguí-los?» «Lá isso não sei assim muito bem» «Bom, então que é um judeu? As análises de sangue não mostram qualquer diferença, não se distingue de um francês ou de um italiano. E já alguma vez viste judeus alemães?» «Já, pois, parecem alemães.» «E que é um alemão?» «Um alemão pertence à raça ariana nórdica.» «Os Índios são arianos?» «São.» «E são nórdicos?» «Não.» «E loiros?’ «Não.» «Bom, então não sabes o que é um alemão e o que é um judeu.» «Mas há judeus.» «Pois há, tal como há cristãos e maometanos.» «Eu refiro-me à religião judaica.» «Roosevelt era holandês?» «Não.» «Então porque é que chamas judeu a um descendente de David, se não chamas holandês ao Roosevelt?» Com os judeus é diferente. «Em que é que é diferente?» «Não sei.»
E é assim que tu desatinas, Zé Ninguém. E sobre os teus desatinos levantas exércitos capazes de assassinar dez milhões de pessoas, porque são «judeus», sem que tu saibas sequer dizer o que é um judeu. E é por isso que és ridículo, que o melhor é evitar-te quando se tem alguma coisa de sério para fazer, é por isso que permaneces no lameiro. Quando dizes «judeu» sentes-te superior. E és forçado a dizê-lo pela tua própria miséria, pois o que matas no judeu é o que sentes que tu próprio és. Mas isto é apenas uma ínfima parcela da tua verdade, Zé Ninguém.
Quando dizes «judeu» cheio de arrogância e desprezo sentes menos a tua própria mesquinhez. Só recentemente me dei conta de que assim era. Só chamas «judeu» a quem suscita muito pouco ou demasiado o teu respeito. A tua concepção de «judeu» é perfeitamente arbitrária. Só que eu não te dou o direito a usá-la, quer tu sejas judeu ou ariano. Só eu próprio tenho o direito a determinar quem sou. Biológica e culturalmente sou um rafeiro e orgulho-me de ser o produto intelectual e físico de todas as classes, raças e nações, orgulho-me de não pertencer a uma «raça pura», como tu, de não pertencer a uma «classe pura», de não ser chauvinista como tu, um fascistinha de todas as nações, raças e classes. Constou-me que em Israel rejeitaste um técnico judeu pelo simples fato de não ser circuncidado. Não tenho mais afinidades com os judeus fascistas do que com quaisquer outros. Porque recuas apenas até Sem, e não até ao protoplasma? A vida para mim tem início nas contrações plasmáticas, e não no escritório de um rabi. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: este discurso aos judeus pode aplicar-se hoje em certos meios de informação aos americanos e em outros aos islâmicos ).
“Também me proclamaste novo Darwin, ou Marx, ou Pasteur, ou Freud. Disse-te já há muitos anos que também tu poderias falar e escrever como eu, se não passasses a vida a saudar os novos messias. Porque os teus gritos destruem-te a razão e paralisam a tua natureza criadora.
Não és tu que persegues a «mãe solteira» como uma criatura imoral, Zé Ninguém? Não és tu que estabeleces uma distinção severa entre as crianças «legítimas» e as crianças «ilegítimas?» Pobre criatura, que não entendes as tuas próprias palavras - ou não és tu que veneras o Cristo enquanto criança? Cristo menino, que nasceu de uma mãe que não possuía certificado de casamento? Sem fazeres ideia de que assim seja, como veneras no Cristo criança o teu desejo de liberdade sexual! Fizeste do Cristo criança, nascido ilegitimamente, o filho de Deus, que não reconhece a ilegitimidade de crianças.
Para logo em seguida, como Paulo [N.E.], o Apóstolo, perseguir os filhos nascidos do amor e proteger sob a alçada das leis religiosas os nascidos do ódio. És realmente um desgraçado, Zé Ninguém!“ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: podem criar-se situações ridículas com a transposição das leis de um tempo para outro: pedir o bi aos pais de Jesus e perguntar se são casados... ).
Nem sequer te apercebes de que a opressão das leis que regulam a tua vida matrimonial decorre naturalmente do teu espírito pornográfico e da tua irresponsabilidade sexual.
Sentes-te infeliz e medíocre, repulsivo, impotente, sem vida, vazio. Não tens mulher e, se a tens, vais com ela para a cama só para provar que és «homem». Nem sabes o que é o amor. Tens prisão de ventre e tomas laxantes. Cheiras mal e a tua pele é pegajosa, desagradável. Não sabes envolver o teu filho nos braços, de modo que o tratas como um cachorro em quem se pode bater à vontade. A tua vida vai andando sob o signo da impotência, no que pensas, no teu trabalho. A tua mulher abandona-te porque és incapaz de lhe dar amor. Sofres de fobias, nervosismo, palpitações. O teu pensamento dispersa-se em ruminações sexuais. Falam-te de economia sexual. Algo que te entende e poderia ajudar-te. Que te permitiria viveres à noite a tua sexualidade e que te deixaria livre durante o dia para pensar e trabalhar.
Que te faria ter nos braços uma mulher sorridente em vez de desesperada, ver os teus filhos sãos em vez de pálidos, amorosos em vez de cruéis. Mas quando ouves falar de economia sexual dizes: «O sexo não é tudo. Há outras coisas importantes na vida». És assim, Zé Ninguém.
Ou suponhamos que és um «marxista», um «revolucionário profissional», um futuro «dirigente dos Proletários do Mundo».
Dizes querer libertar as massas do seu sofrimento. As massas enganadas fogem-te desiludidas e tu gritas enquanto corres no seu encalço: «Parai, massas proletárias! Sou o vosso libertador! Abaixo o capitalismo!» Enquanto eu falo às massas, pequeno-revolucionário, e lhes digo da miséria das suas. pequenas vidas. Ouvem-me, com entusiasmo e esperança. Acorrem às tuas organizações onde esperam encontrar-me. É, então que dizes: «A sexualidade é uma invenção pequeno-burguesa. O que conta é o factor económico». E lês os livros de Van de Velde sobre técnicas sexuais.
...
«O proletariado foi corrompido pela burguesia. Os líderes. do proletariado são quem poderá solucionar o problema. Irão sanear os costumes com um punho de ferro - o problema sexual do proletariado só assim poderá ser solucionado».
Eu sei o que tu queres dizer, Zé Ninguém. Foi exatamente o que se passou na tua pátria dos proletários: deixar que o problema sexual se resolvesse por si próprio. O resultado viu-se em Berlim, com os soldados proletários violando mulheres a torto e a direito. Sabes que foi assim. Os teus campeões da «honra revolucionária», «os soldados do proletariado do mundo» prometeram-te o suficiente para a vergonha te durar uns séculos. Dizes que estas coisas «só acontecem na guerra»?
Então conto-te uma outra história: Um outro chefe, cheio de entusiasmo pela ditadura do proletariado, não o era menos quanto à economia sexual. Veio ter comigo e disse-me: «Você é extraordinário. Karl Marx mostrou-nos como é possível a liberdade económica; você aponta-nos a via para a liberdade sexual; foi capaz de nos dizer: Fodam o mais que puderem». Na tua mente tudo se perverte. Aquilo a que eu chamo um ato de amor, é, na tua vida, um ato pornográfico. E nem sequer sabes do que estou a falar, Zé Ninguém. E é por isso que sempre retornas ao lameiro. Se por acaso tu, Maria Ninguém, dás em professora sem que possuas quaisquer qualificações especiais para tal e apenas porque nunca tiveste filhos, os efeitos da tua acção são desastrosos. O teu trabalho deveria ser comunicar com as crianças e educá-las. Qualquer educação válida engloba um conhecimento da sexualidade infantil. Mas para poder entender a sexualidade infantil é necessário conhecer por experiência própria o que é uma relação de amor. E tu és obesa, desajeitada e sem qualquer atractivo, o que necessariamente te leva a odiar qualquer corpo humano dotado de graça e vivacidade. Não é evidentemente por seres gorda e pouco atraente que te censuro, nem por jamais teres conhecido o amor de um homem (nenhum que fosse minimamente saudável to teria oferecido), nem sequer pelo fato de não entenderes o amor das crianças. Mas porque tens na conta de virtude a tua total ausência de atractivos e a tua incapacidade de amar e porque esmagas com o teu ódio a afectividade das crianças a teu cargo, ainda que exerças as tuas funções numa «escola progressista». O que é um crime e te transforma numa monstruosidade, mulherzinha. A tua influência perniciosa consiste em alienares a afeição que crianças saudáveis sentem por pais saudáveis; em considerares o saudável afecto de uma criança como um sintoma patológico. Em estenderes a toda a tua influência o formato de barril do teu corpo: pensas como um barril, e educas como um barril; em não saberes retirar-te para um lugar modesto e tentares impor aos outros a tua presença opaca, a tua falsidade e o teu ódio amargo sob a máscara do teu falso sorriso.
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Tiveste a escolha entre a elucidação de Freud da origem sexual das tuas perturbações emocionais e a sua teoria da adaptação cultural. Escolheste a sua filosofia cultural, que não te trazia qualquer apoio, e esqueceste a teoria sexual. Pudeste escolher entre a magnificente simplicidade de Cristo e Paulo [N.E.], com o seu celibato para os padres e o seu casamento indissolúvel.
Escolheste o celibato e o casamento indissolúvel esquecendo a mulher simples que pariu seu filho, Jesus, apenas por amor.
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Enforcas os nazis depois de terem assassinado milhões de pessoas. Onde é que estavas antes? Dezenas de cadáveres não bastam para fazer-te pensar, apenas milhões? Cada um destes actos mesquinhos dá sinal da tua monstruosidade de animal humano.
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Pensas que os fins justificam os meios, ainda que estes sejam vis. Enganas-te: o fim é a trajectória com que o alcanças. Cada passo de hoje é a tua vida de amanhã. Nenhum objectivo verdadeiramente grande poderá ser alcançado por meios vis – tens bem a prova de que assim é em todas as revoluções sociais. A vileza ou a desumanidade duma dada trajectória torna-te vil e desumano, e o fim inatingível. “ - Wilhelm Reich.
(Nota: Esta manhã, 2006-12-05, senti a notícia de mais 52 cadáveres com sinais de torturas encontrados no Iraque, ... pouco depois mais uma explosão de uma bomba de terroristas com 16 ... Alguém que se lamenta num jornal que era melhor no ditadura de Saddam que agora que nem podem sair à rua com medo... Morre uma média de 100 vítimas do terrorismo por dia e muitas são torturadas antes da morte e tudo faz menos notícia e indignação de uma única americana que “torturou” ou humilhou alguns prisioneiros para se divertir ou convencê-los a colaborar. Esta americana foi condenada judicialmente e pela opinião pública de Indymedia e de muita informação ocidental muito mais de Saddam ou responsáveis de torturas até à morte de milhares ou milhões de inocentes. E se com a tortura de um torturador salvássemos da tortura 10, 100 ou 1000 inocentes? E se com a morte de um terrorista assassino salvássemos da morte 10, 100. 1000 inocentes? Nem todos os fins justificam certos meios mas não há meios que não possam ser justificados se com certeza absoluta evitam outros piores ).
«Como poderei então servir os objetivos do amor cristão, do socialismo, da Constituição americana?»
O teu amor cristão, o teu socialismo, a tua Constituição americana assentam sobre a tua vida quotidiana, sobre o que pensas no teu dia-a-dia, sobre o modo como fazes amor com a tua companheira, sobre a tua atitude face ao trabalho como TUA RESPONSABILIDADE SOCIAL, sobre a forma como evitas ser o supressor da tua própria vida. Mas és tu, Zé Ninguém, que abusas das liberdades que te são concedidas pela Constituição e que assim a destróis, em vez de tentares consolidá-la na tua vida quotidiana. Assisti à forma com tu, refugiado alemão, abusaste da hospitalidade sueca. Eras nesse tempo o futuro chefe de todos os povos suprimidos da terra. Lembras-te do costume sueco do smörgasbord? Uma mesa cheia de pratos e doces diversos que cada um pode escolher como lhe aprouver. Este costume parecia-te novo e estranho; parecia-te impossível uma tal confiança na honestidade alheia. Disseste-me então, sem te dares conta da perversidade da tua satisfação, que não tinhas comido durante todo o dia de modo a poderes empanzinar-te de borla à noite. «Passei fome quando era criança» – disseste. Eu sei, Zé Ninguém, porque te vi passar fome e sei o que é.
«Ouçam este pequeno-burguês reacionário e individualista! O tipo desconhece a marcha inexorável da história. 'Conhece-te a ti próprio' – diz ele. A asneira burguesa do costume! O proletariado revolucionário mundial, conduzido pelo seu bem-amado chefe, pai de todos os povos, de todos os Russos, de todos os Eslavos, libertará o povo. Abaixo os individualistas e anarquistas!»
E vivam os Paizinhos de todos os povos, de todos os Eslavos, Zé Ninguém! Ouve bem agora, que tenho algumas predições graves a fazer-te: estás de fato em vias de te apropriares do mundo, o que te aterra. Durante séculos, irás assassinar os teus amigos e saudar como teus senhores os chefes de todos os povos, de todos os Russos. Dia após dia, semana após semana e década após década, louvarás senhor após senhor, esquecendo os gemidos dos teus filhos, ignorando a agonia dos teus adolescentes, as aspirações dos teus homens e mulheres, ou, se acaso os escutares, chamar-lhe-ás individualismo burguês. Em lugar de protegeres a vida, irás derramando o sangue atrás dos séculos, na crença de que apenas alcançarás a liberdade com o auxílio de carrascos – de novo e de novo enterrado na lama por tuas próprias mãos. Continuarás através dos séculos a seguir embusteiros e energúmenos, cego e surdo ao apelo da VIDA, A TUA PRÓPRIA VIDA. Porque tu temes a vida, Zé Ninguém, e a destróis na crença de que o fazes em nome do «socialismo», ou do «Estado», ou da «honra nacional», ou da «glória de Deus». Há algo, no entanto, que não sabes ou não queres saber: que és tu que geras a tua própria miséria, hora após hora, dia após dia; que não entendes os teus filhos e que tu próprio lhes partes a espinha antes de terem -sequer uma oportunidade de desenvolver-se; que devoras o amor; que és avaro e ávido de poder – que mantém o cão preso para te sentires «dono».
Caminharás errante através dos séculos e estarás condenado à fome. Mas desconheces que é assim, roubando smörgasbord, que perpetuas a fome dos teus filhos, tu, futuro salvador de todos os famintos. Há coisas que se não devem fazer, tais como roubar as colheres de prata, ou a mulher, ou o smörgasbord de uma casa que'te oferece hospitalidade.
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Então, e só então, começaste a acreditar na existência do espírito, enquanto, concomitantemente, se ia consolidando o conhecimento do teu corpo. Descobri que o teu espírito é uma função da tua energia vital, isto é, por outras palavras, que existe uma unidade entre o corpo e o espírito. Esta foi a linha de reflexão e investigação que segui, chegando à conclusão de que expandes essa energia vital sempre que te sentes bem e afectivamente seguro e que a retrais para dentro do teu próprio corpo sempre que tens medo. Durante quinze anos mantiveste-te silencioso quanto ao conteúdo destas conclusões. O que não me impediu de prosseguir a mesma via e de descobrir que esta energia vital, à qual dei o nome de «orgone», se encontra também presente na atmosfera, fora do teu corpo. Consegui torná-la visível na escuridão e montar aparelhagem capaz de a amplificar e tornar luminosa. Enquanto tu jogavas às cartas, ou te entretinhas a torturar a tua mulher e os teus filhos, eu permaneci várias horas por dia, durante dois longos anos, na minha câmara escura, procurando certificar-me de que havia realmente isolado a tua energia vital. Gradualmente, aprendi a demonstrá-lo a outros e a constatar que lhes era possível verificar o mesmo que eu. Mas tu, na tua qualidade de médico crente de que o psíquico é apenas uma secreção das glândulas endócrinas, apressas-te a afirmar a um dos meus doentes recuperados que o meu sucesso terapêutico foi apenas a resultado de «sugestão».Ou, sofrendo como sofres de dúvidas obsessivas e fobias relacionadas com a obscuridade, afirmas em relação aos fenómenos que acabas de observar que também eles se devem à «sugestão» ou que te sentes como que saído de uma sessão espírita. És assim, ZéNinguém. Em 1945 utilizas as mesmas reflexões asnáticas sobre a «alma» que em 1922 utilizavas para lhe negar a existência.
Continuas sendo o mesmo Zé Ninguém. Em 1984 continuarás de ânimo leve a ganhar dinheiro com o orgone e, igualmente de ânimo leve, a difamar, a abafar no silêncio e a tentar destruir qualquer outra verdade, tal como o fizeste com a descoberta do psíquico e da energia cósmica. E permanecerás o mesmo Zé Ninguém cheio de «espírito crítico», berrando «Viva!» a este e àquele. Lembras-te do que disseste da descoberta de que a Terra não é imóvel, mas gira sobre si própria e se move no espaço?
Não tiveste outra resposta senão a graça estúpida de que, a partir de então, os copos passariam a tombar das bandejas dos criados. Foi há alguns séculos, de modo que já esqueceste, Zé Ninguém. Tudo o que sabes de Newton é «que lhe caiu uma maçã na cabeça» e tudo o que sabes de Rousseau é que preconizava o «retorno à natureza».A única coisa que aprendeste com Darwin foi a «sobrevivência dos mais aptos», não as tuas origens como primata. Do Fausto de Goethe, que tanto te agrada citar, entendeste tanto como um gato entende de matemática. És estúpido e vaidoso, vazio e macaqueante, Zé Ninguém. Sempre encontras forma de desvirtuar o essencial e assimilar o errôneo. O teu Napoleão, esse homenzinho de galões doirados, que nada nos legou senão o cumprimento obrigatório do serviço militar, surge nas tuas livrarias todo encadernado a doirados, enquanto o meu Kepler, que teve a intuição da tua origem cósmica, não se pode encontrar em nenhuma livraria. É por isso que continuas no lameiro, Zé Ninguém. É, por isso, que me vejo obrigado a contradizer-te cada vez que pareces estar convencido de que eu trabalhei e lutei durante vinte anos, que sacrifiquei enormes quantias, apenas para te «sugerir» a existência da energia cósmica do orgone. Não, Zé Ninguém, aprendi realmente a sanear o mal que te aflige, coisa que não podes crer. Bem te ouvi afirmar na Noruega que «quem quer que seja que gaste uma tal quantia em meras experiências deve ser completamente louco». Claro! Julgas por ti próprio. Só te é possível tirar, dar nunca, por isso te é inconcebível que quem quer que seja possa ter alegria na dádiva, tal como te é inconcebível a hipótese de estar com uma mulher sem que imediatamente se te ponha a questão de a «comer». Talvez me fosse possível respeitar-te se fosses ao menos grande quando «roubas» felicidade. Mas até nisso és medíocre. Não és ignorante, mas como o teu estado psíquico habitual é de prisão de ventre, és incapaz de criar – roubas o osso e rastejas para o primeiro buraco onde possas roê-lo em paz, tal como Freud um dia te disse. Atracas-te ao primeiro indivíduo generoso que encontras e secá-lo até à medula no que tenha para dar-te. E é a ele que chamas idiota. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: as duas últimas frases devem ser encadernadas num quadro ou encontrar qualquer forma de as colocar em relevo e repetir a propósito do ggg ou personagem inspirada nele).
Devoras-lhe o que possa dar-te de sabedoria, de alegria, de grandeza, mas és incapaz de digerir o que dele te venha. Sai-te nas fezes, e o fedor que exala é pavoroso. Ou, para salvaguardares a tua dignidade após o que é realmente uma violação e um furto, chamas-lhe alienado, charlatão ou perverso sexual.
Ora aí temos: «Perverso sexual».Lembras-te, Zé Ninguém (eras tu presidente de uma sociedade científica), de como te foi necessário espalhar o boato de que eu encorajava os meus filhos a assistirem ao ato sexual? Passou-se isto pouco depois de eu ter publicado o meu primeiro artigo sobre os direitas da criança à actividade genital. De uma outra vez (eras presidente temporário de uma espécie de associação cultural de Berlim) fizeste correr que eu saía de carro para o campo com adolescentes a fim de as seduzir. Nunca seduzi adolescentes, Zé Ninguém. A obscenidade da fantasia é tua, não minha. Amo a minha mulher e a minha filha – é a tua incapacidade de amares as tuas que te leva ao desejo inconfessável de andar pelos bosques seduzindo rapariguinhas.
E tu, rapariguinha, não é verdade que sonhas com o «másculo» ídolo cinematográfico? Não és tu que levas a sua fotografia contigo para a cama? Que fazes o jogo da aproximação e da sedução, afirmando-te como maior de 18 anos? E não és tu ainda que o acusas em tribunal de crime de violação? E imaculada de culpas ou condenada, serão as tuas avós que continuarão a beijar-lhe as mãos.
Querias ir para a cama com ele, mas foste incapaz de assumir a responsabilidade. Por isso o acusas, pobre menina violada. Ou tu, mulher madura, também dita violada, que conheceste maior prazer na relação sexual com o teu motorista que com o teu marido. Não foste tu que o seduziste por lhe sentires mais sã a sua sexualidade de homem de cor? E não foi então que o acusaste de crime, a ele que não possuía apoios, vitima da sua condição de «raça inferior»? Evidentemente que não, tu és pura e branca, os teus antepassados vieram no May-flower, és «Filha Desta ou Daquela Revolução», Nortista ou Sulista, cujo avô enriqueceu à custa da escravatura negra. Como és inocente, pura, branca, como é inexistente o teu desejo do Negro, pobre criatura. Miserável cobarde, descendente de uma raça de caçadores de escravos, descendente de um Cortês que atraiu milhares de astecas confiantes à emboscada onde os exterminou. Desgraçadas filhas desta ou daquela revolução. Mas qual é a vossa concepção da emancipação? Que fizeram do esforço dos revolucionários americanos, dos esforços de Lincoln, que vos libertou os escravos para serem entregues agora ao «mercado livre da competição»? Olhem para o espelho, filhas de revoluções – vejam como são idênticas às «Filhas da Revolução Russa», meninas inocentes e castas.
Se ao menos uma vez na vida vos houvesse sido possível dar amor a um homem, quantas vidas de negros, de judeus, de trabalhadores, poderiam ter sido salvas. Tal como esmagais a vida de vossos filhos, assim vos aproximais dos negros para matar em vós próprias o pouco que resta do impulso de amar, a fantasia pornográfica e frívola da luxúria. Como eu vos conheço, filhas e mulheres da alta finança, e a toda a vileza contida nos vossos sexos mortos. Não, filhas desta ou daquela revolução, não tenho a menor intenção de me tornar um L.L.D. ou comissário, cargo que deixo de bom grado às rígidas criaturas em uniforme que vos comandam. Guardo o meu amor para os pássaros e esquilos, os animais livres que tão perto estão dos negros, não os negros de Harlem, com os seus colarinhos engomados e fatiotas rígidas, mas os negros integrados nas suas tribos na floresta. Não as rotundas mulheres negras de argolas nas orelhas, cujo prazer negado lhes arredonda os flancos até ao absurdo, mas os corpos esbeltos e suaves das raparigas dos mares do Sul, em cujas carnes se compraz a vileza dos homens deste ou daquele exército, raparigas que desconhecem que o seu amor puro é «usado» como numa relação de bordel.
Não, menina, tu desejas a vida que não entendeu ainda até que ponto é explorada e desprezada. Só que os teus dias estão contados. A tua versão «virgem da raça germânica» foi extinta - ainda subsistes como «virgem da classe proletária» na Rússia, ou como «filha da Revolução Universal». Mas daqui a uns quinhentos, a uns mil anos, quando rapazes e raparigas saudáveis puderem enfim proteger o amor e nele achar alegria, nada mais restará de ti do que a memória do teu ridículo. “ - Wilhelm Reich.
(Nota para filme que se poderia chamar “As mil e uma noites do Zé Ninguém”: imagino o texto anterior acompanhado de imagens de sedução entre pessoas e animais, agressividade como preambulo ao sexo como sucede com gatos selvagens, chulos e prostitutas, tabus, ).
“Porque não tiveste sequer a humanidade de avisar os homens, as mulheres e as crianças de Hiroxima e Nagasaqui. “ - Wilhelm Reich.
(Nota: aqui se vê o anti-americanismo tão típico da Europa: os USA foram atacados dos japoneses sem declaração de guerra, aquelas bombas com algumas centenas de milhares de mortos em tempo de guerra puseram o fim a uma guerra de dezenas de milhões de mortos, só foram lançadas de pois de um pré-aviso se não se rendessem e continuam a ser apresentadas como a vergonha dos americanos. Na verdade as bombas foram lançadas em tempo de guerra contra um agressor que atacou sem avisar. )
“Imaginemos que eu te aconselhava a fazeres desaparecer toda a actividade diplomática e a substituí-la, pela fraternidade profissional e pessoal com todos os sapateiros, carpinteiros, mecânicos, técnicos, físicos, educadores, escritores, administradores, mineiros e camponeses de todos os países; que fossem, pois, todos os sapateiros do mundo os responsáveis pela decisão de qual o melhor modo de calçar todas as crianças chinesas; os mineiros responsáveis pelas reservas de carvão para aquecimento de todos os países frios; os educadores de todo o mundo volvidos guardiões da futura sanidade mental de todas as crianças recém-nascidas. Que farias tu, Zé Ninguém, sé te visses a braços com todos estes simples problemas da existência quotidiana?
Decerto que a tua resposta, ou a de qualquer dos representantes do teu partido, governo ou sindicato, (a menos que me prendesses imediatamente como «comunista»), seria a seguinte: «Quem sou eu para poder substituir as relações diplomáticas por relações internacionais ao nível do trabalho e do desenvolvimento social?»
Ou: «A eliminação das diferenças nacionais no domínio do desenvolvimento económico e da cultura não é possível».
Ou: «Queres que se restabeleçam relações de qualquer espécie com os fascistas alemães, ou japoneses, ou com os comunistas russos, ou com os capitalistas americanos?»
Ou: «Acima de tudo interessam-me os destinos da minha Pátria – Rússia, Alemanha, América, Inglaterra, Israel ou Comunidade Árabe».
Ou: «Já me chegam os problemas que tenho para manter a minha vida em ordem e para me entender com o meu Sindicato dos Alfaiates. Outros que se ralem com os sindicatos de outros países».
Ou: «Não dêem ouvidos a este capitalista, bolchevista, fascista, trotskista, internacionalista, sexualista, judeu, estrangeiro, intelectual, mitómano, utopista, demagogo, doido, individualista, anarquista. Onde está a vossa consciência de americano, russo, alemão, inglês, judeu?»
Podes ter a certeza absoluta de que usarias qualquer destes slogans, ou outros, a fim de evitar a tua responsabilidade na forma como se processam as relações entre os homens.
«Mas, então, eu não sou nada? Parece que não me reconheces um único traço positivo! Afinal, que diabo, trabalho que me farto, sustento a minha mulher e os meus filhos, levo uma vida decente e sirvo o meu país. Não posso ser tão estupor quanto isso!»
...
És GRANDE, Zé Ninguém, quando não és medíocre e mesquinho. A tua grandeza é a única esperança que nos resta a todos. És grande quando desempenhas com gosto a tua tarefa quando trabalhas na alegria a madeira, quando constróis, quando pintas e embelezas os teus espaços, quando trabalhas a terra, quando contemplas o céu na quietude e te comprazes na existência dos animais simples, no orvalho, quando danças e cantas, quando amas a beleza dos teus filhos, o corpo do homem ou da mulher que escolheste; quando vais até um planetário tentar entender o espaço ou a uma biblioteca ler o que pensaram da vida outros homens e mulheres. És grande na tua velhice, com o teu neto no colo, dizendo-lhe de como foi outrora, respondendo à sua curiosidade confiante. És grande quando és mãe, embalando o teu filho nos braços, o coração cheio de esperança de que para ele venham melhores dias, a felicidade que, hora a hora, lhe vais construindo.
És grande, Zé Ninguém, quando cantas as antigas canções do teu povo ou danças ao som do acordeão, porque os cantos do povo são pacíficos, e são-no em todos os lugares do mundo. E és grande quando afirmas ao teu amigo:
«Ainda bem que o destino me concedeu até hoje uma vida limpa e sem ambições, que pude acompanhar o crescimento dos meus filhos, ouvir-lhes as primeiras palavras, vê-los mover-se, andar, brincar, fazer perguntas, assistir à sua, alegria; ainda bem que não deixei passar a Primavera sem a sentir, que pude gozar o vento ameno e o rumorejar dos regatos e o canto das aves; que não perdi o meu tempo em mexericos com os vizinhos, que amei a minha companheira e que senti correr no meu corpo o fluxo da vida; ainda bem que, mesmo em tempo de perturbação, não perdi o norte nem o sentido da vida. Pois que me foi possível escutar a voz que murmurava no meu intimo: ‘Existe apenas uma única coisa que vale a pena: viver bem e alegremente a própria vida. Escuta a voz do teu coração, ainda que tenhas de afastar-te do caminho trilhado pelos timoratos. E não consintas que o sofrimento te torne duro e amargo. E assim, na quietude do cair da tarde, quando me sento na erva em frente de minha casa, depois de um dia de trabalho, com a minha mulher e os meus filhos, ouço no pulsar da natureza à minha volta a melodia do futuro: ‘Humanidade inteira, eu te abençôo e abraço.’ E desejaria então que a vida aprendesse a defender os seus direitos, que fosse possível modificar os espíritos duros e os medrosos, que só fazem troar os canhões porque a vida os desapontou. E quando o meu - filho instalado no meu colo me pergunta: ‘Pai, o sol desapareceu, para onde foi, achas que volta depressa?’, respondo-lhe: ‘Sim, filho, há-de voltar amanhã para nos aquecer.’» Escuta, Zé Ninguém, W. Reich, http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=43125&cidade=1
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USA e ONU são dois exemplos muito diferentes de globalização. Com o contínuo desenvolvimento de Internet e novas tecnologias torna-se cada vez mais urgente um governo, justiça, ética, moral, deontologia, civilidade e boas maneiras de comportamento online e em tudo o que tem mais consequências globais, não tem fronteiras. Mas será melhor o pragmatismo de USA ou burocracias da ONU?
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