Monday, June 19, 2006

Dresden, Vietname, Hiroshima, Iraque, nazismo, comunismo, dias da memória, anti-americanismo e marxismo cultural da informação ocidental

Até 1983 quase não tinha ouvido falar dos bombardeamentos de Dresden. Em 6 meses naquela cidade levei uma lavagem ao cérebro “cultural” sobre a maldade dos americanos e ingleses que tinham destruído barbaramente a cidade e a bondade do comunismo que a tinha reconstruído.
No dia 2005-02-14, na TV de Estado RAI3, 7.15, sinto falar pela primeira vez de “um dia da memória” para recordar aquele bombardeamento. Pela primeira vez escutei as duas teorias a confronto:
A) Teoria comunista: Dresden era uma cidade de arte, a chamada “Firenze do Norte”, (1), não merecia ser bombardeada, foi uma barbaridade sobre civis.
B) Teoria capitalista: Dresden tinha 240 fábricas de armamento, era uma cidade estratégica da guerra e a sua destruição com 130.000 mortos contribuiu para derrotar Hitler e acabar com uma guerra que matou 65 milhões.
No dia 2005-02-12, no programa de TV “Otto e Mezzo”, La7 ouvi pela primeira vez as analogias entre os símbolos do nazismo e comunismo e colocar o problema se os dois símbolos deviam ou não ser proibidos. No mesmo dia na Retenova uma sondagem televisiva dava 35% pela eliminação dos símbolos da cruz suástica e da foice com o martelo e 65% contrária. Nesse mesmo programa alguém fez a pergunta em directo: “Se há um dia da memória para recordar Auschwitz e o nazismo que matou 6 milhões de judeus porque não há um dia da memória para recordar os 80 milhões de mortos do comunismo soviético. Em estúdio havia um moderador, três políticos de direita e três de esquerda. Entre os da esquerda estava um condenado por colaboração com terrorismo de esquerda nos famosos anos de chumbo das “brigadas vermelhas”. Ninguém contestou aqueles 80 milhões de vítimas do comunismo, (só 70 milhões segundo alguns, 100 milhões segundo outros), mas a questão parecia não agradar a ninguém e depressa se passou a outro argumento sem dar uma resposta.

Estranho como em Itália em 2005 o “dia da memória” ocupou as primeiras páginas de muitos jornais vários dias de forma que não recordo em toda a minha vida. No indy de Itália não recordaram os 6 milhões de judeus vítimas do nazismo mas só os ciganos, homossexuais ... Isto me fez recordar como no programa “L’Infedele” de La7 Gad Lenner comparou o racismo contra os judeus no tempo de Hitler ao actual no Indy de Itália. No Indy de Portugal apareceu um bom artigo mas com uma semana de atraso e com um toque anti-americano que não encontrei em nenhum meio de informação: “A semana que passou ficou marcada pelo 60º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, por parte das tropas russas... Donald Rumsfeld (presença essa que foi denunciada por protestos e manifestações) é a expressão real do respeito irreal pelas liberdades, garantias e direitos das pessoas.” http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=54239&cidade=1 Nem compreendo a razão dos protestos e manifestações: não foram os americanos a quem a Europa Ocidental mais deve pela libertação do nazismo, fascismo e comunismo soviético? Ou acreditam que no nazismo, fascismo e comunismo soviético existiam mais liberdades, garantias e direitos das pessoas do que nas democracias “ocidentais” e orientais de maior influência americana ou ocidental?
As torturas nas prisões do Iraque não eram piores no tempo de Saddam? Porque razão certos meios de informação deram mais espaço e se escandalizaram mais por a uma americana que brincava a humilhar alguns prisioneiros tratando-os como cães do que os que mandam aviões contra os americanos e causaram 3.000 mortos? Sou eu pro-USA irracional ou outros que têm anti-americanismo cego?
Várias vezes critiquei os americanos:
O sonho americano não pode ser para todos. Nem nos USA está tudo bem, ético e justo. Devemos aprender com a sua eficiência mas o mundo não pode permitir-se o seu luxo e desperdício. Imaginemos que todo o mundo queria viver com o seu nível de consumo e desperdício?
http://portugal.indymedia.org/ler.php?numero=44021&cidade=1
Indy=Saddam=100% contra Israel e USA. Porquê?
Só na informação do Iraque de Saddam, (onde as opiniões contrárias a Saddam eram suficientes para morrerem sem julgamento), encontrei uma informação a 100% contra Israel, SEMELHANTE À INFORMAÇÃO INDY. No Iraque de Saddam matavam sem julgamento quem tinha uma opinião contrária. Incluindo por muito menos: Saddam defendeu-se acusando o próprio filho de crueldade, dizendo que condenou o próprio filho a alguns dias de prisão por ter matando um cidadão só porque o tinha disturbado com música alta. Na informação Indy vários manifestaram o desejo de matar-me só porque tinha uma opinião contrária à sua. Mas felizmente vivo num país mais civil onde isso é mais difícil. Curioso que num fórum anarquista dito livre se veja um anti-semitismo semelhante ao do nazismo e uma informação a 100% favorável a certos dogmas minoritários contrários à maioria da sociedade mais civil.
Um jovem de regresso de umas férias no Camboja contou-me como reina a maior pobreza e atraso de vida do mundo como consequência de um ditador comunista que matou 3.000.000 de opositores para impor um sistema comunista de péssimas consequências. Foi a primeira vez que ouvi falar disto. Nem sequer sabia que tinha existido ali um ditador comunista que tinha matado opositores. Mas ouvi milhares de vezes falar dos que morrera num país de fronteira: Vietname. Morreram 58.000 americanos a tentaram defender uma parte da população do Sul de ser invadida pela parte do Norte apoiados pelas ditaduras comunistas. Os americanos não perderam a guerra mas retiraram-se por pressão dos pacifistas. Mas a imagem que sempre recebi foi a de que os americanos perderam a guerra. Ao menos hoje que existe Internet e que estas notícias podem correr sem fronteiras seria lógico que alguém pensasse que os 3.000.000 de mortos por uma causa falida foram piores do que os mortos dos americanos por uma causa vitoriosa e com melhores resultados. Ou alguém com razoável inteligência e cultura não reconhece hoje a vitória do capitalismo e a miséria da queda do comunismo que produziu uns 100.000.000 na ex-URSS e 70.000.000 na China, 3.000.000 no Camboja, 3.000.000 em Angola e Moçambique, ...
para produzir a miséria que conhecemos?
Os americanos em todo o século passado mataram muito menos para defenderem meio mundo dessa catástrofe. Mas para certa informação ocidental fazem mil vezes mais notícia os mortos dos americanos do que os do comunismo e terrorismo juntos.
Ao ler todas estas acusações contra USA penso: todas as leis, todos os trados internacionais e todas as constituições de qualquer país são violadas sobretudo em casos extremos como as guerras. Nem todos os fins justificam todos os meios. Mas eu penso que há meios que justificam certos fins. Outros, por mais repugnantes que sejam, compreendem-se no seu contexto. Por exemplo a bomba sobre Hiroshima pôs fim a uma guerra em que poderiam morrer muitos mais. Recordo que Hiroshima era essencialmente uma fábrica de guerra. Stalin tinha projecto de invadir o Japão. Não sei o que seria se não fosse aquela bomba nem se morreriam mais ou menos. Recordo que foram os Japoneses a agredir primeiro os americanos.
Quando falam dos mortos causados pelos EUA recordo sempre que se esquecem dos milhões causados pelo comunismo, nazismo e fascismo. Esquecem que a maior parte desses mortos contribuiu para evitar que a “Grande Revolução Russa” e Chinesa continuasse pela Europa fora como fizeram na Hungria, Checoslováquia, Angola, Moçambique, Vietname, Coreia ...
>>>
“TMI- O Grupo do Porto de Apoio à Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque…” http://portugal.indymedia.org/ler.php?numero=40496&cidade=1&forcarcomentarios=S tem 27 comentários e eu sou dos poucos neste fórum que não defendem Saddam.
Cultura e Ética Indy, no-global e americana http://jiimm.bravejournal.com/entry/5554
Dia da memória com gostos diferentes
http://pt.indymedia.org/index.php?numero=54081&cidade=1
Certos anarquistas, Indy e no-global parece que têm como principal objectivo lutar contra USA ... “O 11 de Setembro foi uma fraude” ...
http://portugal.indymedia.org/ler.php?numero=44580&cidade=1

“Vejam se percebem, tontos!Os americanos matam e torturam mas é para...libertar e democratizar!!!” http://portugal.indymedia.org/ler.php?numero=37437&cidade=1
Sobreviverá a Humanidade ao capitalismo? http://pt.indymedia.org/imprimir/index.php?numero=54045&cidade=1

No comments:

USA e ONU são dois exemplos muito diferentes de globalização. Com o contínuo desenvolvimento de Internet e novas tecnologias torna-se cada vez mais urgente um governo, justiça, ética, moral, deontologia, civilidade e boas maneiras de comportamento online e em tudo o que tem mais consequências globais, não tem fronteiras. Mas será melhor o pragmatismo de USA ou burocracias da ONU?