Tuesday, June 20, 2006

PPPP=filosofia do passado presente e futuro, ensaio para uma nova filosofia política neo-maquiavélica

Dos tempos de jovem estudante recordo 3 coisas de filosofia:
1. A definição que corria entre nós: “Filosofia é a “incornação” de ideias erradas”;
2. Um professor que dizia que a filosofia se devia estudar com pelo menos 40 anos de idade;
3. O filósofo que me parecia mais absurdo e que me fazia crer na primeira definição de Filosofia como “incornação”, (memorizar sem compreender), de ideias erradas, um tal chamado Gorgias que dizia que nada existe, mesmo que existisse alguma coisa não a poderíamos conhecer e mesmo que a conhecêssemos não a poderíamos exprimir porque não corresponderia à realidade.
Passados quase 40 anos leio a biografia de um engenheiro, Luciano de Crescenzo, que sonhava escrever livros de filosofia do quotidiano de forma compreensível para todos e vê o seu sonho tornar-se realidade: os seus livros sobre a filosofia de vida que interessam à maioria tornam-se populares em meio mundo, vendeu 18 milhões de livros traduzidos em 19 línguas.
“La filosofia è l’arte del paragone tra ciò che te capita e ciò che te potrebbe accadere”, (TV, sorrisi e canzoni, 2005-06-17, p.107), diz Luciano de Crescenzo a propósito da comparação entre a sua vida de nascido em Itália ao que seria se tivesse nascida a Bagdade. Esta definição de filosofia como arte de comparar o que acontece com o que poderia acontecer é para mi só um dos aspectos da minha essência da filosofia: arte de pensar e julgar as prioridades, estímulo da criatividade. De facto a comparação e a suposição é uma das formas de estimular a criatividade e o pensamento crítico. Penso que o essencial da filosofia do futuro será a arte de compreender e conciliar a prioridade dos valores, aquilo que eu chamo pppp – princípio de Pires e das prioridades em pirâmide.
O livro preferido de Luciano de Crescenzo é “O Simposio” de Platão: “Os gregos depois do jantar, como não tinham TV, reuniam-se e discutiam de argumentos. Por exemplo, como nasce o amor? E cada um dizia a sua”. Isto faz-me pensar em certos programas de TV de grande êxito popular e martirizados de certa crítica dita intelectual como “Big Brother”: pessoas de aparência normal e comum, na realidade são seleccionadas entre milhares de concorrentes por corresponderem melhor aos gostos da maioria. Ao longo dos diversos programas são seleccionados do público contando não só a aparência física e simpatia mas sobretudo a filosofia de vida ao gosto da maioria. Das milhares de imagens e de horas de filmagem os melhores seleccionadores escolhem os melhores minutos para as horas de maior audiência. Tudo parece improvisado e ao acaso mas imagino que na realidade por detrás do programa estão alguns dos melhores autores de TV. Sendo um dos programas com maior audiência pode permitir-se de pagar melhor aos melhores autores que naturalmente se empenharão mais do que se fossem mal pagos. Talvez a TV seja hoje uma forma de popularizar as melhores filosofias de vida do momento para a maioria. Talvez aquilo que fazia Platão na antiga Grécia com um grupo de eleitos do seu circo de elites intelectuais seja feito hoje na família global da TV.
Proponho a minha filosofia para ser tornada “nossa”, de todos os que leram até aqui, pensam que não foi tempo perdido, e querem continuar a ler e colaborar para que a filosofia seja a arte de pensar, de estimular a criatividade, pensamento crítico, de dar prioridade ao mais importante.
Chamo-lhe neo-maquiavélica porque Machiavelli foi um dos mais famosos filósofos políticos, mais discutíveis, como uma arma de dois gumes que pode servir para o mal e para o bem. A sua filosofia foi muitas vezes usada de forma simplista para as piores causas: os fins justificam os meios. Mas os fins que alguns consideram nobres são muitas vezes na realidade dos mais mesquinhos e injustos. Eu digo que nem todos os meios justificam todos os fins. Mas alguns meios menos aceitáveis podem justificar-se em nome de outros valores ou de evitar piores males. Na medida de julgar o que é mais justo, ético e melhor está a melhor filosofia política, o neo-maquiavelismo no seu melhor.

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USA e ONU são dois exemplos muito diferentes de globalização. Com o contínuo desenvolvimento de Internet e novas tecnologias torna-se cada vez mais urgente um governo, justiça, ética, moral, deontologia, civilidade e boas maneiras de comportamento online e em tudo o que tem mais consequências globais, não tem fronteiras. Mas será melhor o pragmatismo de USA ou burocracias da ONU?